Pierre-Antoine Chardel. Posfácio. Quando a comuicação perde a palavra : leitura de Emmanuel Lévinas. Vulnerabilidades, Justiça e Resistências, nas Interaçôes, Comunicativas, PPGCOM-UFMG, pp.233 – 246, 2018, 978-85-54944-15-5.

O PENSAMENTO DE LÉVINAS enuncia uma ruptura radical, ele desperta um sentimento que não se aprende, mas que surge, assim como surge o rosto de um outro que faz com que tudo seja violentamente perturbado. O pensamento do outro atua como uma desestabilizadora interrupção em um mundo acostumado ao reino do mesmo, no qual o ser em comum se dá com frequência a ver como a agregação de indivíduos que teriam que supostamente tender a possuir objetivos comuns. Lévinas almeja justamente colocar em xeque uma tal concepção da coexistência ao inventar uma relação com uma alteridade que se afirma como absolutamente irredutível à qualquer sistema. É um reconhecimento da figura do outro que é, assim, plenamente engajada – reconhecimento que não implica qualquer retorno à si – e que nos ensina que encontrar a alteridade é sempre expor-se ao risco de ser desestabilizado em um ato de interlocução.