A experiência estética estabelece um momento singular, um momento de intensidade, um instante repleto de significado, dotado da promessa de algo para descobrir ou compreender. No entanto, explorar a experiência estética nos coloca diante de sérias dificuldades metodológicas como, por exemplo, as dificuldades ligadas ao acolhimento da palavra do outro no texto acadêmico, uma vez que suas circunstâncias e condições são singulares. Também sua dupla característica, experiencial e estética, desafia nossos procedimentos mais recorrentes para interpretar os significados de experiência e de sensibilidade. Dentre os desafios, de início, é preciso evitar a dimensão objetificada da apreensão ou a redução deste tipo de experiências a uma operação de produção de signos e significados. Agindo assim, evitaremos o estreitamento das fronteiras deste campo de estudos e as ampliaremos desde os estudo dos dispositivos performativos literários e artísticos até os media e as formas de comunicação e expressão da vida ordinária. Frente ao perigo da redução, corremos o risco de deixar de perceber aquilo que na experiência concentra o seu potencial estético. Alguns aspectos podem ser perdidos, destorcidos, muito rapidamente transformados em outra coisa. Nós gostaríamos de propor uma abordagem capaz de capturar e descrever qualquer experiência em dimensões estéticas. A primeira vista, isto pode parecer um desafio impossível. Entretanto, gostaríamos de invocar aqui as possibilidades oferecidas pela chamada “virada afetiva” com o objetivo de nos auxiliar no enfrentamento deste desafio.
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Jean-Luc Moriceau, Carlos Magno Camargos Mendonça. Afetos e experiência estética : uma abordagem possível. Comunicação e sensibilidade : pistas metodológicas, PPGCOM-UFMG, pp.78 – 98, 2016, Olhares Transversais, 978-85-62707-88-9.
- Date de publication
- 7 juin 2017
- Catégories
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- Auteur
- par Jean-Luc Moriceau